O crescente protagonismo brasileiro no concerto das nações confirma as amplas potencialidades de nossa promissora nação. exercendo papel de liderança na américa latina, tendo em vista especialmente suas dimensões e coesão nacional, retomamos o melhor de nossa tradição progressista de uma política externa independente,inaugurada com o patriarca José Bonifácio e continuada em sua fase mais avançada e recente, com figuras como Afonso Arinos, San Thiago Dantas e Araújo Castro.
O presidente Lula retomou os caminhos da inteira liberdade nacional, depois de décadas de subserviência aos EUA sem, no entanto, prescindir da amizade e cordialidade, traços que nos unem hà séculos.
Em condições de um governo patriótico e democrático, o protagonismo brasileiro é benigno, não intenciona subjugar nenhum outro povo ou nação. as raras exceções em nossa história em que essa regra não se confirma, são nos momentos de clara subordinação ao domínio hemisférico estadunidense. Como no governo que antecedeu Lula, que queria retirar o Brasil do Mercosul e alinhá-lo à Alça. Essa aliança aliás em nada contribuiu, pelo contrário, no combate à crise financeira que assola México, EUA e Canadá.
No entanto, estamos incomodando os interesses estadunidenses. no quadro atual, há pelo menos duas iniciativas de vulto que trazem constrangimentos à união sul americana e ao papel do Brasil: a reconstituição da 4ª frota naval estadunidense, apoiada em bases norte-americanas em pelo menos sete ilhas inglesas defrontando nossa costa atlântica, e o novo acordo militar Colômbia-Estados Unidos. Esses movimentos representam literalmente um cerco às fronteiras brasileiras, um a leste e outro a oeste, de olho principalmente na Amazônia e nas enormes reservas de petróleo do pré-sal.
Diante do preocupante cenário de cerco estratégico, o presidente lula manifestou em diversas ocasiões a relação entre a 4ª frota e a descoberta do pré-sal num contexto em que os EUA não reconhecem a soberania brasileira sobre nossa plataforma continental. Assim, Lula lançou no final de 2008, o programa "Estratégia Nacional de Defesa", documento "doutrinário" que atualiza as ameaças à soberania brasileira e traça um conjunto de desafios para o reposicionamento da defesa nacional no contexto de um mundo em mudança, considerando principalmente que as novas bases militares estadunidenses na Colômbia são motivo de real preocupação das forças armadas brasileiras.Com isso, a FAB, recentemente anunciou o estabelecimento de uma base aérea, com mais de uma dezena de caças F-5e em Manaus, transferindo o contingente antes estacionado em Natal. Também o exército já deslocara, há poucos anos, batalhões completos do sul do país para a Amazônia e planeja mais do que dobrar os postos de fronteira. Nesta mesma direção está a importante decisão da marinha de criar a 2ª esquadra na Foz do Rio Amazonas. A primeira esquadra, fundeada no rio, foi criada ainda no governo Floriano Peixoto.
Não há uma corrida armamentista na américa latina. O que ocorre é uma modernização das forças armadas da região. Daí a efetivação do acordo Brasil-França para a compra de caças Rafale além de possibilitar à nossa marinha saltar etapas tecnológicas e construir a estrutura de um submarino à propulsão nuclear em alguns anos.
Lula, em constantes conversas com os comandantes militares e o ministério da defesa, está reformulando nosso pensamento estratégico e geopolítico, aprofundando a construção de um polo de nações independentes, não-subordinadas à potências extrarregionais, numa zona de paz, com projetos nacionais compartilhados visando ao desenvolvimentismo.
Mais que nunca cabe-nos não abandonar esse projeto.
Jeferson M. Soares
fonte: Revista Principios , edições de Agosto a Dezembro/2009
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