terça-feira, 25 de março de 2014

Nota de repúdio

Nota de repúdio Excelentíssimo Deputado Henrique Eduardo Alves Em sentença divulgada em 14 de dezembro de 2010 a Corte Interamericana de Direitos Humanos condenou o Estado brasileiro a investigar e julgar aqueles que fossem apontados como culpados, bem como a punir os responsáveis pelo desaparecimento e morte das vítimas da ditadura. Deste modo, a criação da Comissão Nacional da Verdade representou uma etapa no necessário acerto de contas desenvolvido pelo Estado brasileiro junto às vítimas da ditadura militar, às suas famílias e à sociedade. Para estupefação dos que têm consciência do que significou o longo período de 21 anos de um Estado de exceção, que tinha a tortura como política de Estado, tomamos conhecimento que a mesa diretora da Câmara Federal decidiu abrir espaço nessa casa para homenagear os golpistas de 1964, em atendimento à solicitação do deputado Jair Bolsonaro, numa sessão destinada a comemorar os feitos do fatídico golpe militar por ocasião da data que marcará os 50 anos do mesmo. Notícias dão conta que a medida, pretensamente democrática, tem por objetivo “agradar” da mesma maneira os críticos quanto os “defensores” da ditadura. V. Exa. é o mais antigo dos deputados dessa casa legislativa. Portanto, sabe o que significou para o país o longo período que jogou o país num tempo de censura, perseguições políticas, intervenção aos sindicatos, prisões, torturas, desaparecimentos forçados, mortes, cassação de mandatos e mesmo o fechamento do Congresso Nacional. Às vésperas de completarmos meio século da data do golpe militar, é um desrespeito à memória dos mortos e desaparecidos, às suas famílias, aos torturados que sobreviveram e principalmente à chefe do Estado brasileiro, presidente Dilma, que foi perseguida, presa e torturada em sua corajosa luta contra a ditadura. Sabemos que a democracia é o regime do dissenso, da pluralidade de ideias e opiniões. Sabemos também que no Estado democrático de Direito as minorias devem ter seus direitos garantidos e assegurados. Todavia, nada justifica que uma minoria saudosista de um período que envergonha as páginas de nossa história tenha o direito de “comemorar” os 50 anos do fatídico golpe. Nada justifica comemorar o Estado autoritário em plena democracia, principalmente levando em conta que um dos convidados a ser homenageado será o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, que chefiou o DOI-CODI em São Paulo, considerado um dos símbolos máximos da tortura praticada pelos militares. Não é possível que V. Exa., que preside a Câmara dos Deputados, a “casa do povo”, o poder mais importante da República, leve adiante tal autorização a fim de “dar espaço para ambos os lados”. Excelentíssimo presidente, não há espaço para o lado que defende um período que trouxe tanto sofrimento e que tanto nos envergonha. Cidadãos brasileiros que lutaram e continuam a lutar por um país justo e solidário e que almejam a consolidação da democracia não podem aceitar tamanha afronta. Que Vossa Excelência, no exercício de seus poderes frente a essa casa, não permita que tal “comemoração” aconteça. Em nome da democracia e do respeito aos Direitos Humanos, em respeito à sociedade brasileira, à memória dos mortos e desaparecidos, às suas famílias, aos torturados sobreviventes e em respeito a essa casa legislativa, proíba a realização de tal evento. Não permita que a casa do povo sofra tamanha violência. Jeferson Malaguti Soares Ribeirão das Neves-MG

quinta-feira, 13 de março de 2014

Violência, origem, consequências e solução

“A violência se origina na sociedade excludente em que vivemos”-Leonardo Boff. Simples assim. A sociedade excludente se origina na sociedade capitalista, no mercado mundial, no estado repressor, na minoria burguesa dominante, e no descaso pela questão social. Essas são fontes inequívocas de uma violência devastadora, que estraçalha com a dignidade humana. A questão social, por exemplo, até há algum tempo, era tratada como assunto de polícia e não de políticas públicas. Violenta também foi a conquista do Brasil colônia. Violento foi o tratamento dado aos nossos índios. Violenta foi a nossa relação com os negros, com o trabalhador organizado em sindicatos e para com todos os pobres do país. É público e notório que o Estado legitimou o uso da violência através dos tempos. Militarizou as polícias. Nossa colonização foi degradante. Nossa história foi escrita pelos brancos portugueses. Dela não participaram os índios, os negros, os mulatos, as mulheres e os pobres em geral. Nossa produção era escravagista. Violência praticada contra a população espoliada, gerou violência contra os donos do poder. Até 2002, 36% da população brasileira vivia na exclusão, sem direito a qualquer benefício social. Essa foi uma situação que se configurava em um estado de extrema violência praticada pelo Estado. Mas, apesar da mudança de paradigma quanto à miséria no Brasil, a partir de 2003, a violência persiste e cresce a cada dia. Há hoje quadrilhas nos grandes centros urbanos, que se articulam, que têm braços espalhados pelo país, que obedecem a uma hierarquia, que se organizam. É o poder paralelo no Estado. Nessas quadrilhas decide-se sobre a vida e a morte de membros de gangues inimigas. Mata-se para dar exemplo, para mostrar coragem, para eliminar um adversário ou pelo simples prazer de matar. Soma-se a esse estado de coisas, o fato de nossa sociedade ser organizada na usurpação da força de trabalho frente ao valor do seu produto final. O modelo capitalista é extremamente predatório da força de trabalho, aviltada e degradada e na exclusão de boa parte da sociedade na divisão dos lucros gerados. O grande conflito entre o capital e o trabalho, dá origem à luta de classes, com dominação permanente dos donos do poder – políticos corruptos, a mídia, industriais, enfim a burguesia. Como se nada disto bastasse, a cultura globalizada de origem estadunidense, nos impõe crises financeiras, econômicas, quando não a de caráter, onde a ética é artigo de segunda categoria. A corrupção grassa a partir dos donos do poder econômico. As classes dominantes estão convictas de que tudo podem. As classes dominadas sentem o peso do caráter violento, desigual e injusto de sua real situação. Está configurada a luta e a violência urbana. Aproveitando-se disto a burguesia dramatiza a violência elevando-a a um nível de segurança nacional, de um problema nacional, tentando com isto jogar toda a responsabilidade pela sua existência no governo. Quanto pior, melhor.No entanto escondem que a classe dominante é a que mais usa e se locupleta com a violência. Daí nasce o incentivo ao golpe militar. E é exatamente isto que a classe dominante quer. Mais violência, agora partindo dos militares, já que não conseguem o poder pelas vias naturais, pelo voto popular, usam os militares para se apoderarem dele e lhe devolver um pouco do poder perdido. Exatamente como fizeram em 64, de triste memória. Precisamos urgentemente refundar a democracia, que seja realmente participativa. Que respeite a dignidade humana. Que rejeite a violência como forma de adquirir poder. Ocorre que isto não pode ser conseguido enquanto o capitalismo ditar as regras no planeta . O capitalismo não respeita o ser humano. Não humaniza, demoniza. Torna-o cruel em busca de mais poder, mais dinheiro, mais bens materiais, independente se para isto precise matar, agredir, espoliar o outro. Mais uma agravante para a violência urbana. O militarismo, por sua vez, é agressivo, recalcitrante, renega os diferentes, é conservador e radical. Não usa de argumentos, usa armas. Não escuta, dá ordens. Não nos resta outro caminho que não seja, através do socialismo democrático, buscarmos o equilíbrio das forças que advêm da formação da sociedade e a revisitação dos conceitos de cidadania, ética e probidade. Sem socialismo não há luz no fim do tunel. Sem socialismo não há esperança para o mundo. Jeferson Malaguti Soares Ribeirão das Neves-MG

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

A hipocrisia da mídia

O que vale para o PSDB não vale para o PT. O que é permitido aos tucanos é negado aos petistas. O que castiga o PT premia os tucanos.Só petistas têm vicissitudes. Virtudes apenas os tucanos. Um mesmo fato é publicado de forma diversa se praticado por petistas ou tucanos. Matreira vulgaridade, vocação predadora, absoluta falta de escrúpulos. Nossa mídia carece de pudor. Tergiversa ante o principal. Valoriza o secundário. O PIG, Partido da Imprensa Golpista, se protege sob o manto do cinismo blindado dos patrões, que promovem a baixaria, a mentira, os factóides, além do tradicional corporativismo da classe. Materializa constantemente o olhar do preconceito. Ignora verdades atemporais. Exagera em digressões e aforismos impertinentes e carregados de afronta. Enfim, é um exemplo claro de receptáculo das intrigas e maledicências da direita. Sofre de uma compulsão obsessiva de desconstruir o lulopetismo, sobrepõe-se ao prazer das vitórias tucanas e, é insaciável no afã de perseguir as esquerdas. A impressão que fica é a de que o cérebro dos donos da mídia está em pleno processo de regressão cognitiva, tamanha é a ideia fixa que desenvolveram contra o povo brasileiro carente. Busca moldar a cultura nacional a um nível rasteiro Não tem respeito pela opinião publica, tenta influenciá-la através da sua opinião publicada. A qualidade das matérias é questionável, quando não visivelmente desprovidas de qualquer valor moral e ético. Desqualifica seus jornalistas. Quanto menos autonomia intelectual e financeira os jornalistas tiverem, melhor para a direita conservadora e burguesa. A profissão de jornalista hoje é vilipendiada pelos donos da mídia. É arrastada para a ignomínia. Estatísticas são manuseadas, o pânico sobre a crise que assola o mundo é espalhado entre os brasileiros, sangue é o que vende, droga, crimes, desastres, o pânico é bem-vindo e ainda estimula a crença sobre o aumento da criminalidade, da impunidade e da corrupção. Inimigos fantasiosos como os comunistas, negros, favelados, islâmicos., são inventados. O jogo político que a mídia quer nos impor está mais para uma banca de feira do que para discussão sadia de ideologias. Apesar de que, ideologia partidária parece desaparecida do cardápio dos partidos políticos. Soluções tímidas para problemas maiores. Projetos pessoais viabilizam alianças de ocasião. A felicidade do brasileiro pobre parece incomodar bastante a burguesia, representada pela mídia nacional. Enquanto isto ela navega num mar de vergonhas e mau-caratismo. Finge crenças e virtudes que não possui. Grassa a hipocrisia. Contubérnio com a direita reacionária, elite que nunca teve pretensão de consolidar uma nação, de acabar com as desigualdades sociais e regionais, de construir uma grande república cidadã. Enfim, nossa mídia está focada no exercício da animosidade, da ambiguidade,da hipocrisia,da agressividade gratuita e irresponsável. Reputações são assassinadas, pessoas são desmoralizadas, impunemente. A mídia tudo pode. À mídia tudo é permissivo. Não fosse sectarismo seria oportuna a frase proferida por Balzac no início do século 19: ”se a imprensa não existisse, seria necessário não inventá-la” Jeferson Malaguti Soares – Ribeirão das Neves/MG

sábado, 21 de setembro de 2013

A mídia que esperneia

Quando nossa mídia esperneia pela sua liberdade, acusando o Governo Federal de querer regulá-la, ela tem toda razão. Regular a imprensa significa tirar dela a irresponsável liberdade que permite que minta, que invente, que crie fatos, que influencie a opinião pública contra as autoridades constituídas, que manipule a notícia, que esconda as mazelas da oposição, que privilegie o individualismo capitalista contra ações coletivas de programas sociais do governo. A mídia nacional, com raras e honrosas exceções, a revista Carta Capital é uma delas, banalizou a profissão de jornalista, ridicularizou os antigos e corretos profissionais do ramo, deu-se o direito de manipular fatos, inventar notícias, criar campanhas para desacreditar pessoas. Engajou-se na mais retrógrada organização político-ideológico, aquela que privilegia exclusivamente interesses econômicos de rentismo do capitalismo neoliberal. O jornalista da grande mídia desempenha sua função ostentando a ideologia dos patrões, suas opiniões e preferências. Não tem hoje o jornalista o espírito crítico e imparcial que deveria predominar na independência do desempenho de sua atividade. Não pode assumir compromisso apenas com a isenção na cobertura dos fatos e não pode ter liberdade de expressão, já que sofre censura dentro de sua própria redação. Não lhe é permitida responsabilidade moral pelas informações que coleta e transmite. Nossa pobre – não no sentido material, mas no espiritual – grande mídia não se propõe a realizar um jornalismo crítico, apartidário e pluralista. Critica apenas um lado escondendo as mazelas do outro, opta pela direita reacionária e entreguista como partido e adota atitude de dependência em face de grandes grupos econômicos. Trata notícias e ideias como mercadorias de refugo, sem qualquer rigor técnico. Não acredita na democracia, já que não atende livre, eficiente e diversificadamente a demanda coletiva por informações. Não busca uma relação de transparência com a opinião pública. Pelo contrário, acredita na máxima de que não existe opinião pública e sim opinião publicada. A mídia nacional, que anda e sempre andou a reboque da imprensa estadunidense, condena publicamente qualquer tipo de ingerência do poder do Estado sobre a atividade que exerce, luta contra a censura, em qualquer forma que assuma, mas não considera censura a maneira como edita as notícias, cerceando a liberdade de opinião de seus jornalistas. Não considera censura quando impõe ao seu conselho editorial unicamente os conceitos e diretrizes dos donos da empresa jornalística, os quais são, pela sua natureza burguesa e sectária, unilaterais e partidários da direita. A Constituição de 1988 diz que é “livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença”(artigo 5º, inciso IX). Também diz que “nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social” ( artigo 220, parágrafo 1º). No entanto não existe qualquer referência permitindo que crimes praticados por intermédio da imprensa, como os de calúnia e difamação, por exemplo, estejam isentos de punição. Não prevê também a Constituição que órgãos da imprensa estejam isentos de responsabilidade civil e criminal pelos abusos cometidos, abusos e crimes esses que acompanhamos diariamente na mídia nacional, a partir das eleições dos governos populares há pouco mais de dez anos. Regular estas questões precisa alcançar nossa mídia, a fim de frear sua irresponsabilidade no trato das notícias e das palavras. Regular não é censurar. Jeferson Malaguti Soares Administrador de Empresas Ribeirão das Neves-MG

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Avançar Rumo ao Socialismo

Apesar dos avanços em tecnologias, nas telecomunicações, nas ciências, o capitalismo não consegue dar uma resposta adequada à miséria no mundo. A complexidade oriunda da interdependência dos sistemas vitais para o bem-estar da sociedade planetária, é acentuada no sistema financeiro internacional, pela velocidade com que a tecnologia da informação e das comunicações conecta a todos. Apesar disto o sistema financeiro mundial continua míope e ainda não" caiu na real ". O capitalismo aposta suas fichas no liberalismo cruel e irracional. Vai afundar com ele. O capitalismo já nasceu refém da alta finança. Dos bens e do poder que transmitem. O Estado neoliberal é refém do capitalismo. Logo, o Estado é refém dos grandes capitais. Das fortunas. Daí a necessidade de um Estado mínimo exigido pelos donos do dinheiro. A invasão do público pelo privado é evidenciado nas terceirizações de inúmeras atividades do nosso cotidiano. O Estado não emprega, sub estabelece a empregabilidade. A plutocracia se impõe à democracia. O poder político se curva ante os interesses privados e, estes financiam os políticos em campanhas. A fatura depois é alta. Não existe poder político. Existe poder do capital imposto através dos políticos. Os conglomerados poderosos independem do beneplácito do Estado. Pelo contrário, o Estado depende de suas ações. Instituições liberais são permissivas, quando não promíscuas. Nesta rota, as instituições públicas são precarizadas a fim de que as liberais floresçam. Os ricos detém o poder e, como tal, mandam. O capitalismo chegou à graciosa hipocrisia de denominar lobistas, pessoas que se especializaram em corrupção e suborno. Criaram a democracia moderna, onde os representantes do povo, por ele eleitos, não defendem os interesses de seus eleitores. Defendem corporativamente os interesses das grandes empresas que financiaram suas campanhas políticas. Ora, não existe democracia moderna. Existe Democracia e " fim de papo". Na contramão desse capitalismo liberal e cruel, que não se interessa pelo bem estar da humanidade, se contrapõe o socialismo desenvolvimentista, através do nosso Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento. Nele, não pregamos o fim do lucro, nem o Estado máximo. Não temos aversão à economia de mercado. Repudiamos o Estado subalterno a interesses do capital. Acreditamos na democracia e não na plutocracia. Lutamos por um povo senhor de seu destino. Pelo Trabalhador de posse do resultado de seu trabalho. Pela soberania nacional, respeitada. Queremos um Congresso e um Judiciário independentes de poderes econômicos. Acreditamos na defesa da ética, da liberdade de escolha. Na ética ambiental.Nos partidos políticos fortalecidos. Nos financiamentos públicos das campanhas políticas. Acreditamos no protagonismo do Estado e não do poder econômico.No protagonismo do povo e não dos políticos. Somos pela regulamentação do espaço midiático, uma mídia democrática. Enfim, acreditamos no conceito purista de democracia: um governo do povo, pelo povo, para o povo. Avançar nas mudanças significa não só olhar em frente, mas agir rumo ao socialismo democrático. Jeferson Malaguti Soares - Ribeirão das Neves - MG

quinta-feira, 21 de março de 2013

SEXO, RELIGIÃO, MEDIEVALIDADE E O PAPADO

Desde os primórdios da humanidade, sexo e religião estiveram próximos um do outro. Muitos cultos pagãos incluíam em seus rituais atos sexuais explícitos. Os gregos adoravam Príapo, o deus do pênis ereto, e seu equivalente romano era o deus Líber, de cujo nome originaram termos como libertinagem, libertino, libidinoso, todos de alguma forma ligados à prática sexual. Mesmo depois da difusão do cristianismo entre os povos, a crença se defrontou com outra religião, muito mais sensual – o Islã. A idéia do paraíso muçulmano privilegia momentos eternos de prazer onde jovens de pureza virginal e beleza resplandecente acariciam até o mais humilde dos crentes. Já os cristãos esperam do paraíso arquitetura celestial, salmos cantados, sermões e o sol brilhando eternamente. Nada de vestais encantadoras. A história da igreja cristã, no entanto, não é tão sóbria como faz parecer. Papas licenciosos, cardeais libidinosos, padres libertinos povoam a Igreja de Cristo desde Pedro até os dias atuais. Sodomia, pedofilia e pederastia faziam e ainda hoje fazem parte do cardápio diário de parte do clero. Escândalos papais Santo Agostinho, que até os 30 anos viveu para fornicações, ao se converter vaticinou: “Nada é tão poderoso para enfraquecer o espírito de um homem quanto os carinhos de uma mulher”. São Jerônimo, quando secretário de Damásio I (século IV), papa que desfrutava dos favores das mulheres mais importantes de Roma, não aprovava o modo de vida dos religiosos de sua época e advertia algumas mulheres virtuosas de que a Igreja Romana, leiga ou clerical, era monstruosamente corrupta e promíscua. Alguns papas nomearam cardeais seus amantes homossexuais ou seus filhos bastardos. Outros assassinaram seus concorrentes ao trono de Pedro. Paulo III (século XVI) prostituiu a irmã em troca do chapéu cardinalício (era chamado de “cardeal mulherzinha” por motivos óbvios). Escolhido papa, foi acusado de usar astrólogos e adivinhos para conseguir se eleger. E o que não dizer sobre Lucrécia Bórgia, iniciada nas práticas mais hediondas de safadezas pelos irmãos e pelo próprio pai, o papa Alexandre VI (Rodrigo Bórgia)? Não obstante, os papas cuidaram de melhorar seu comportamento a partir do início do século XIX. A opinião pública estava mudando. Jornais sensacionalistas começaram a aparecer e eles, os papas, já haviam perdido boa parte de seu poder supra governos na Europa. Nem mesmo a necessidade de serem mais discretos, porém, conseguiu obstar o aparecimento de mais escândalos, como o de Pio VI (final do século XVIII até inicio do XIX), lascivo e incestuoso; Leão XII ( 1823/29), que se manteve no cargo graças a intrigas com cortesãos romanos; Gregório XVI (1831/46), que mantinha um apartamento no Palácio Quirinal, conjugado ao seu, onde se alojavam sua amante e sete filhos; Pio XI (1922/39), que apoiou Mussolini quando da invasão da Abissínia, atual Etiópia e, criticou católicos alemães pelas hostilidades a Hitler; Pio XII (1939/58), que se manteve distante do holocausto contra os judeus, da mesma forma que os papas seguintes mantém-se calados frente ao holocausto contra os palestinos, perpetrado pelos judeus desde 1948. De volta às trevas No entanto, mais adiante, papas como João XXIII (1958) e Paulo VI que o sucedeu em 1963, mostraram-se um pouco mais flexíveis quanto ao sexo, aceitando a famosa “tabelinha” como método contraceptivo, o que permitia desfrutar do sexo como fonte de prazer e amor, um gravíssimos pecado para os papas anteriores. João Paulo I comungava de mesma opinião, mas não teve tempo de aprofundar o assunto, pois morreu um mês depois de empossado. Teoria recorrente sobre sua morte dá conta de que foi assassinado, com uma chávena de chá envenenado, porque pretendia fazer uma faxina no Banco do Vaticano, na época dirigido pelo monsenhor Marcinkus, de péssima lembrança, além de pretender também revisar a HUMANAE VITAE, encíclica publicada em 1968 por Paulo VI que condenava o uso de qualquer anticoncepcional, antes, durante ou depois do ato sexual, além de tratar também de temas polêmicos para a igreja como o homossexualismo. Abro aqui um parêntese para lembrar que o direito canônico proíbe a prática da autópsia em papas. Assassinatos então foram facilitados. Já o papa João Paulo II (1978/2005) foi além, não contestando as teorias anteriores, conservador que era, mas evitando embaraço com temas cruciais para a igreja. Preferiu a omissão. Certamente pode ter sido um homem santo, e isto significa que sua vida não foi tão colorida como a de muitos de seus antecessores. Os cardeais nos legaram então o papa Bento XVI que, além de reafirmar categoricamente, num documento de 131 páginas, todas as restrições medievais da igreja, implicitamente voltadas para o sexo, ainda tentou nos impor a volta retrógrada de missas em latim. Em que século pensou estar o ex-cardeal Ratzinger? O mundo caminha, a fila anda, a tecnologia globaliza os povos, e o papa retroage perigosamente aos tempos obscuros das trevas e da inquisição. Por que Bento XVI, tampouco João Paulo II, não se pronunciaram energicamente contra as atitudes do famigerado homicida presidente estadunidense Bush filho, nem contra o genocídio contra palestinos praticado pelos governos judeus? Certamente porque legislar contra os mais fracos é muito menos perigoso! Com Ratzinger a igreja romana voltou à era medieval. Bento XVI renunciou, derrotado pelas infâmias de sua igreja, descobertas e escancaradas ao mundo. Orgias financeiras e sexuais, mentiras grosseiras, falso puritanismo, homofobia, criminalização do aborto, esquecendo que o aborto em si já consiste em dura punição e que um dos maiores compromissos com a vida é o de sermos corajosos para vivê-la e responsáveis para gerá-la. Um novo papa se nos apresenta os cardeais reunidos na Capela Sistina. Adotou o nome Francisco numa clara alusão à necessidade de a igreja católica realmente optar pelos pobres. Não como figura retórica, mas despida de vaidades e de riqueza absurda enquanto boa parte do mundo morre de fome. Aparentemente começou bem o novo papa, apesar das denúncias de favorecimento à ditadura argentina. Esperemos que assim continue e que a entourage vaticana não o tolha. Lembrem ao papa Francisco que na periferia das grandes cidades e mesmo nas interioranas são raras as igrejas católicas e, quando as há, faltam-lhes padres. Oportunistas ditos evangélicos, na verdade protestantes neopentecostais, aproveitando-se da ausência de templos católicos em localidades humildes, fundam “igrejas” todos os dias com o fim precípuo de espoliar pobres desesperançados. Que não se esqueça também a igreja de Deus que a opção sexual das pessoas não lhes define o caráter e não as torna más ou portadoras do mal. Vide seus antepassados, muitos até canonizados apesar da luxúria. Quem há de atirar a primeira pedra? O papa Bento atirou e foi defenestrado. Com essas atitudes desarrazoadas frente ao mundo moderno, a Igreja Romana se afasta cada dia mais de sua função primordial de apostolado e evangelização, abrindo espaço para aproveitadores de ocasião, esbulhadores de pobres famélicos, desesperançados, esquecidos, à espera de um milagre. Fazem da casa de Deus verdadeiros centros comerciais de espoliação e em alguns casos também de pura libertinagem. Seja bem vindo Francisco e que Deus o proteja da Cúria Católica Apostólica Romana e o livre da doença do conservadorismo, do fundamentalismo e da medievalidade. Jéferson Malaguti Soares Ribeirão das Neves-MG.

sábado, 2 de março de 2013

SUCATEAMENTO DA POLICIA

O Conselho Nacional de Justiça divulgou pesquisa indicando que 70% dos mandados de prisão emitidos entre 2011 e 2013 ainda não foram cumpridos. Curiosamente, os estados que menos cumpriram os mandados foram Minas, Paraná e Goiás. Curiosamente também, todos estes tres estados são governados pelo PSDB que insiste em economizar investimentos em diversas áreas, inclusive na segurança pública, e gastar cada vez mais em propaganda, cooptando a mídia golpista. Vamos postar esta noticia no Face pessoal... Abraços Jeferson Malaguti Ribeirão das Neves-MG